domingo, 17 de fevereiro de 2013

Catecismo - Parte XVII


PARÁGRAFO 3
JESUS CRISTO FOI SEPULTADO


                              624) "Pela graça de Deus, Ele provou a morte em favor de todos os homens" (Hb 2,9). Em seu projeto de salvação, Deus dispôs que seu Filho não somente "morresse por nossos pecados" (1Cor 15,3), mas também que "provasse a morte", isto é, conhecesse o estado de morte, o estado de separação entre sua alma e seu corpo, durante o tempo compreendido entre o momento em que expirou na cruz e o momento em que ressuscitou. Este estado do Cristo morto é o mistério do sepulcro e da descida à "mansão dos mortos". É o mistério do Sábado Santo, que o Cristo depositado no túmulo (Jo 19, 42) manifesta o grande descanso sabático de Deus (Hb 4, 7-9) depois da realização da salvação dos homens (Jo 19, 30), que confere paz ao universo inteiro (Cl 1, 18-20).

CRISTO COM SEU CORPO NA SEPULTURA

                              625) A permanência de Cristo no túmulo constitui o vínculo real entre o estado passível de Cristo antes da Páscoa e seu atual estado glorioso de Ressuscitado. É a mesma pessoa do "Vivente" que pode dizer: "Estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos" (Ap 1,18).

Deus [o Filho] não impediu a morte de separar a alma do corpo segundo a ordem necessária à natureza, mas os reuniu novamente um ao outro pela Ressurreição, a fim de ser Ele mesmo em Sua pessoa o ponto de encontro da morte e da vida, sustando Nele a decomposição da natureza, produzida pela morte, e tornando-se Ele mesmo princípio de reunião para as partes separadas (São Gregório de Nisse, or. catech. 16 : PG 45, 52B).



                              626) Visto que o "Príncipe da vida" que mataram (At 3, 15) é o mesmo "Vivente que ressuscitou" (Lc 24, 5-6) é preciso que a Pessoa Divina do Filho de Deus tenha continuado a assumir Sua alma e Seu corpo separados entre si pela morte (Jo 20, 24-28):

O fato de Cristo, ao morrer, ter tido Sua alma separada de Sua carne não significa que a Única Pessoa de Cristo foi dividida em duas pessoas, pois o corpo e a alma de Cristo existiram da mesma forma, desde o início, na Pessoa do Verbo; e na Morte, embora separados um do outro, ficaram cada um com a mesma e única pessoa do Verbo (São João Damasceno, f. o. 3, 27 : PG 94, 1098A).

"NÃO DEIXARÁS TEU SANTO VER A CORRUPÇÃO"

                              627) A Morte de Cristo foi uma Morte verdadeira enquanto pôs fim à sua existência humana terrestre. Mas, devido à união que a pessoa do Filho manteve com o Seu corpo, não estamos diante de um cadáver como os outros, porque "não era possível que a morte o retivesse em seu poder" (At 2,24) e porque "a virtude divina preservou o corpo de Cristo da corrupção" (S. Tomás de Aquino). Sobre Cristo, pode-se dizer ao mesmo tempo: "Ele foi eliminado da terra dos vivos" (Is 53,8) e "Minha carne repousará na esperança, porque não abandonarás minha alma no 'Hades', nem permitirás que Teu Santo veja a corrupção" (At 2,26-27; Sl 16, 9-10). A Ressurreição de Jesus "no terceiro dia" (1 Cor 15,4; Lc 24,46; Mt 12, 40; Jon 2, 1; Os 6, 2) foi a prova disso, pois se pensava que a corrupção se manifestaria a partir do quarto dia (Jo 11, 39).

"SEPULTADOS COM CRISTO...

                              628) O Batismo, cujo sinal original e pleno é a imersão, significa eficazmente a descida ao túmulo do cristão que morre para o "mundo de pecado" junto com o Cristo, em vista de uma vida nova: "Pelo Batismo nós fomos sepultados com Cristo na morte, a fim de que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também nós vivamos vida nova" (Rm 6,4; Cl 2, 12 ; Ef 5, 26).

RESUMINDO

                              629) Em benefício de todo homem, Jesus experimentou a morte (Hb 2, 9). Foi verdadeiramente o Filho de Deus feito homem que morreu e que foi sepultado.

                              630) Durante a permanência de Cristo no túmulo, Sua Pessoa Divina continuou a assumir tanto a Sua alma como o Seu corpo, embora separados entre si pela morte. Por isso o corpo de Cristo morto "não viu a corrupção" (At 2,27; Jo 20, 24-28).














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